quinta-feira, 18 de março de 2010

Página 07



"Hilário!"
Assim seria descrita essa página por vários especialistas no assunto.
O homem precavido ( observe a cerca de arame farpado sobre o muro ) é atormentado por três encostos alcoólatras. A garrafa, a caneca e a taça nos remete ao clima de festa, ou comemoração.

A figura central abriu mão do próprio rosto para encarnar o papel de uma garoupa, mas ainda sim, usa uma cartola de marca famosa como indumentária, assim como os três assombrosos espíritos.

Note quantas placas de sinalização se fazem nescessárias para que o pateta permaneça em pé. O triangulo dividido em três nada mais é que a representação mística das três regras áureas.

São elas:

1- Favor não tocar!
2- Proibido acrescentar sentenças!
3- Se é assim pode!

Página 06

Aqui temos o homem vendado com a cabeça em chamas. A ponte nos remete à um ritual de passagem, um caminho a ser percorrido até o outro lado. A criatura que que respira por baixo da construção não representa perigo...  apenas se sente bem, mergulhado em águas turvas.
A cidade borbulha sentimentalismos bobos e ao fundo vê-se a grande chaminé que cospe corantes artificialmente coloridos na atmosfera local.
As pessoas gostam disso.

O poste no primeiro plano está, na verdade, queimado.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Página 05



O pobre diabo se joga rumo ao desconhecido no bairro comercial da cidade grande. Ele está prestes a ser engolido por uma criatura nova, desprovida de sentimentos ou crenças religiosas e que se arrasta pelo lixo reciclável, jogados nos fundos das grandes companhias. A escada simboliza tanto a subida ou nesse caso, a descida voluntária. O que o demônio encontrará nas entranhas daquela criatura? Só deus saberia dizer...

Página 04



Os nove arcanos

1- O homem de camisa listrada carrega por cima da cabeça um olho só, que chora 4 vezes ao ano.

2- A mulher arranca as próprias mãos para não se coçar. Os ganchos que agoram substituem os dedos servem para algo que ela não mais se recorda.
3- O careca caolho fuma um cigarro de menta. O "s" em sua testa é uma cicatriz da Décima Quinta Guerra de Bairros daquele Município.

4-
O veado com chapéu de veludo estende a mão aos transeuntes.

5-
No centro da página temos ninguém mais, ninguém menos que Belzebu que observa a todos com o olho que ainda lhe resta.

6- O corpo da mulher exala rancor. Ela bebe sozinha em companhia de ninguém.
7-
A caveira proletária. Não se sabe quem ou o que é. Isso é irrelevante.

8-
A dançarina feliz, um segundo antes de lesionar o Tendão de Aquiles num passo novo que havia sonhado na noite anterior.

9-
O pequeno ser é levado pela correnteza sem que ninguém o veja.

Página 03



A Rainha de Lá ergue os braços, em oferenda à um deus qualquer. Em suas mãos: um peixe de escamas brilhantes e um olho castanho claro, da cor da terra daquela região. Uma garrafa do melhor vinho artesanal ( comprado no comércio local ) e uma taça simbolizando o recipiente da vida.
Note que os filhos gêmeos repousam ao lado da mãe com seus tentáculos.

O cão fumante reflete sobre sua posição no triste drama da existência enquanto um olho que um dia será maior que a barriga palpita no lugar do coração ( agora, acima da coroa da Rainha ).

A carcaça de peixe no canto superior direito é apenas uma carcaça de peixe decorativa.

Página 02



O pensador, sentado em sua poltrona de mármore, discursa em praça pública para uma platéia distraída. Em suas mentes a figura de Jocasta; a cortesã européia; flutua sem roupas no limbo de suas próprias existências.

Página 01



… na qual o homem bem vestido recita versos satânicos segurando um crânio em chamas de alguém não identificado até então. Vemos ao fundo um pequeno diabo, numa velha lixeira de alumínio arrotando o almoço do dia anterior em frente à uma oficina de bicicletas.

A nota de rodapé nos alerta para o perigo que chega dos céus.

Uma tempestade está a caminho!